segunda-feira, dezembro 05, 2005

Política internacional em foco


Governo de Fidel Castro anuncia os maiores aumentos salariais de sempre em Cuba



Cerca de 2,2 milhões de cubanos vão ser beneficiados com aumentos recorde. Muitos não recebiam qualquer aumento há 23 anos. Líder cubano pede à comunidade civil que denuncie a corrupção que vagueia na economia deste país da América Central.


O Governo cubano anunciou um aumento de salários como não se via há muito. Após ter declarado guerra aos “novos-ricos”, Fidel Castro decidiu premiar os funcionários públicos com mais provas dadas e melhor formação académica. De acordo com o Granma, órgão oficial do Partido Comunista Cubano, esta medida visa instituir uma “nova sociedade”.
Desta forma, os salários dos funcionários públicos de nível superior serão aumentados 50 por cento, com um bónus de produtividade, segundo critérios definidos pelo Ministério do Trabalho. Este bónus ronda entre os 3 e os 9 dólares, além disso, também as pensões de reforma vão ser aumentadas.
De certa forma, e perante o clima económico mundial, estas medidas não deixam de causar surpresa. Contudo há que ter em conta que a esmagadora maioria destes funcionários públicos não recebe qualquer aumento há 23 anos. Esta medida surge, no contexto social cubano, como uma recompensa pelo esforço e trabalho destes funcionários ao longo destes anos, no entanto, peca por ser bastante tardia.
Um dos principais motes da Revolução Cubana foi o de elevar o nível de rendimento dos trabalhadores, começando com os que auferiam baixos rendimentos até chegar ao topo do estrato social com um rendimento superior mais elevado. Sendo assim, preconizava a Revolução, as diferenças sociais seriam progressivamente corrigidas.
Todavia, as medidas de Fidel escondem uma outra situação. De facto, o Governo comunista já anunciou um outro aumento, desta vez nas tarifas de electricidade, que rondará uns incríveis 300 por cento. Fidel justificou a medida com o aumento do preço do petróleo e a necessidade de forçar à poupança. Analistas e economistas cubanos prevêem que os pequenos sectores da economia vão ser os mais afectados com esta medida que, no mínimo, poderá causar alguma polémica.
No último discurso do líder cubano, de cerca de 6 horas, houve um forte apelo ao espírito de luta cubano para combater a corrupção que, pensa-se, paira por todos os sectores da economia. Dentro da sociedade cubana existe uma forte repressão aos chamados “novos-ricos” que, para Fidel Castro, são, tendencialmente, trabalhadores por conta própria, taxistas, intermediários e donos de restaurantes privados. A rematar, o líder comunista dirigiu-se aos jovens, para que estes denunciem este e outros crimes, para “conseguir uma mudança total da sociedade cubana”.