sexta-feira, dezembro 30, 2005

Mulher eleita presidente da câmara de Ramallah

Foi hoje eleita presidente da câmara municipal de Ramallah, uma mulher, graças aos votos do Hamas (movimento radical palestiniano).
Segundo informações veiculadas pela agência lusa, este acontecimento sem precedentes, tem como protagonista Janette Khury, uma cristã de 62 anos, que foi eleita pelo conselho municipal, depois de obter nove votos, contra seis do candidato do movimento Fatah, Ghazi Hanania.
Khury apresentou-se às eleições numa lista dominada pela Frente Popular de libertação da Palestina, um movimento laico de esquerda, obtendo os votos dos três representantes do Hamas no Conselho.
É a primeira vez que uma mulher ocupa um cargo desta magnitude numa grande cidade palestiniana.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Futebol Italiano


“Imperatore” Adriano fez a diferença no derby de Milão


A equipa do português Luís Figo, o Inter de Milão, venceu a do português Rui Costa, do AC Milan por 3-2. Além de um jogo muito táctico, o estádio Giuseppe Meazza viveu uma noite onde não faltaram golos, emoção e alguns casos de arbitragem duvidosos.


Ritmo frenético num dos grandes clássicos do futebol europeu. Inter e Milan encontraram-se, ontem à noite, para mais uma jogo relativo à jornada 15 do Calcio. Frente a frente duas equipas com necessidade de vencer, para não deixarem fugir a fugitiva Juventus que segue isolada na liderança com 14 vitórias em 15 jogos.
O futebol italiano é fértil em emoção, expectativa e o jogo começou pautado por um equilíbrio próprio de dois candidatos ao título. Marcava o relógio 24 minutos de jogo quando, num lance na área do Milan, Adriano é derrubado e o árbitro, Domenico Messina, assinala grande penalidade, embora as imagens não esclareçam com clareza a falta assinalada. Adriano, o “Imperatore” como lhe chamam os adeptos do Inter, não desperdiçou e estava feito o primeiro da partida. A resposta não poderia ser mais irónica. Bola na área do Inter, Shevchenko cai e o juiz italiano aponta para a marca de grande penalidade, só que o lance fica envolto em discussão por não se conseguir vislumbrar, igualmente, uma falta evidente. Imune às discussões, Shevchenko restabelece a igualdade.
Volta a 2ª parte e a emoção regressa. O Inter, comandado por Roberto Mancini, consegue materializar um ligeiro ascendente inicial quando, aos 59 minutos, o nigeriano Obafemi Martins volta a colocar os “nerazzurri” em vantagem. Nesta altura da partida, o português Luís Figo estava em destaque, com ass rápidas incursões pelo flanco direito, com cruzamentos perigosos para a defensiva do Milan. Rui Costa, por parte do Milan, não saiu do banco de suplentes. Apesar de em Itália muito se ter criticar a defensiva do Milan, foi um defesa, Jaap Stam, a colocar o placard na igualdade. Isto uma altura em que Mancini acabara de substituir o incansável Figo por Burdisso, para ganhar mais consistência defensiva. No entanto, está provado que Adriano, internacional brasileiro, é sinónimo de golos e o ponta-de-lança não fez por menos. No primeiro minuto para lá dos 90, numa grande jogada individual, Adriano remata para o golo fixando o resultado em 3-2. Foi o delírio nas bancadas, onde muitos já não acreditavam ser possível uma nova reviravolta no marcador.
De registar, ainda, um dado estatístico. O Inter não vencia, em casa, o Milan desde 13 de Abril de 1997 (3-1) e o treinador do Milan, Carlo Ancelotti, não perdia com o Inter desde 1 de Novembro de 1997, quando o italiano assumia o comando técnico do Parma.

Literatura portuguesa além fronteiras


“O Confessor” lança a dúvida sobre a intervenção da Igreja Católica durante o período do Holocausto


O mais recente livro de Daniel Silva, escritor português radicado nos EUA, confirma a sua tendência natural para temas históricos e pelos “segredos das instituições acima de toda a suspeita”, como o Vaticano. Intriga e mistério, num livro polémico.


A intriga e suspense literários têm mais um seguidor. “O Confessor”, de Daniel Silva, inscreve-se como uma obra repleta de segredos e mistérios, onde todos os acontecimentos se revestem de um carácter enigmático. Daniel Silva, um escritor português de origem açoriana a viver nos EUA, começa por tocar numa das mais importantes instituições religiosas do mundo: a Igreja Católica, sedeada no Vaticano. “O Confessor” questiona a acção da Igreja Católica no horrível e sangrento período do Holocausto, tema apetecível para Silva na medida em que tenta descobrir os segredos desta “instituição que está acima de toda a suspeita”, refere o autor.
Este livro parte de uma “trilogia acidental sobre o tema inesgotável do Holocausto”, encena uma crise na Igreja Católica, questiona a convivência do Vaticano com as atrocidades cometidas pelo regime Nazi, e inicia-nos nos meandros da vida dupla de Gabriel Allon, talentoso restaurador de arte e ex-agente dos Serviços Secretos de Israel. De repente, Benjamin Stern, amigo, antigo companheiro de armas de Allon e professor famoso pelos seus trabalhos sobre o Holocausto, é assassinado em Munique. Após ter pedido o regresso de Allon para investigar o caso, a polícia alemã começa a ter fortes indícios que Stern foi assassinado por extremistas de direita. Allon discorda, sobretudo depois do desaparecimento do material de investigação que Stern tinha preparado para o seu novo livro. Em Roma, o novo Papa, Pio XII, pensa num plano para revolucionar a Igreja Católica, ao mesmo tempo que equaciona abrir alguns arquivos comprometedores do Vaticano.
A partir deste ponto, a obra incide sobre o silêncio do papa Pio XII a propósito do destino dos judeus durante o nazismo. Para o interesse do autor pelo assunto contribuíram a declaração do Vaticano sobre o Holocausto (Nós Lembramo-nos, de 1998) e as mais recentes (e escandalosas) investigações com base nos arquivos secretos do Vaticano. Paira por aqui o fascínio da dimensão secreta da História e a vontade de desvendar os mistérios da alta finança e da baixa política e ainda o de explicar o primeiro acontecimento que acaba por desencadear toda a história, a morte de Benjamin Stern.
Daniel Silva escolheu tratar o Vaticano como uma instituição política e sublinhar a dimensão política das personagens. Para além de todo o material histórico escrito que consultou, entrevistou diplomatas, antigos padres e jornalistas que fizeram reportagens sobre o Vaticano e foram presos. Apesar de estar um pouco envolto em polémica, o que é certo é que “O Confessor” vendeu mais de meio milhão de exemplares nos EUA. Daniel Silva foi aclamado pela crítica e comparado a Graham Greene ou John Le Carré. Ao trocar o jornalismo político pelos romances de espionagem, revelou-se um herdeiro de primeira água dos grandes clássicos da intriga internacional.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Política internacional em foco


Governo de Fidel Castro anuncia os maiores aumentos salariais de sempre em Cuba



Cerca de 2,2 milhões de cubanos vão ser beneficiados com aumentos recorde. Muitos não recebiam qualquer aumento há 23 anos. Líder cubano pede à comunidade civil que denuncie a corrupção que vagueia na economia deste país da América Central.


O Governo cubano anunciou um aumento de salários como não se via há muito. Após ter declarado guerra aos “novos-ricos”, Fidel Castro decidiu premiar os funcionários públicos com mais provas dadas e melhor formação académica. De acordo com o Granma, órgão oficial do Partido Comunista Cubano, esta medida visa instituir uma “nova sociedade”.
Desta forma, os salários dos funcionários públicos de nível superior serão aumentados 50 por cento, com um bónus de produtividade, segundo critérios definidos pelo Ministério do Trabalho. Este bónus ronda entre os 3 e os 9 dólares, além disso, também as pensões de reforma vão ser aumentadas.
De certa forma, e perante o clima económico mundial, estas medidas não deixam de causar surpresa. Contudo há que ter em conta que a esmagadora maioria destes funcionários públicos não recebe qualquer aumento há 23 anos. Esta medida surge, no contexto social cubano, como uma recompensa pelo esforço e trabalho destes funcionários ao longo destes anos, no entanto, peca por ser bastante tardia.
Um dos principais motes da Revolução Cubana foi o de elevar o nível de rendimento dos trabalhadores, começando com os que auferiam baixos rendimentos até chegar ao topo do estrato social com um rendimento superior mais elevado. Sendo assim, preconizava a Revolução, as diferenças sociais seriam progressivamente corrigidas.
Todavia, as medidas de Fidel escondem uma outra situação. De facto, o Governo comunista já anunciou um outro aumento, desta vez nas tarifas de electricidade, que rondará uns incríveis 300 por cento. Fidel justificou a medida com o aumento do preço do petróleo e a necessidade de forçar à poupança. Analistas e economistas cubanos prevêem que os pequenos sectores da economia vão ser os mais afectados com esta medida que, no mínimo, poderá causar alguma polémica.
No último discurso do líder cubano, de cerca de 6 horas, houve um forte apelo ao espírito de luta cubano para combater a corrupção que, pensa-se, paira por todos os sectores da economia. Dentro da sociedade cubana existe uma forte repressão aos chamados “novos-ricos” que, para Fidel Castro, são, tendencialmente, trabalhadores por conta própria, taxistas, intermediários e donos de restaurantes privados. A rematar, o líder comunista dirigiu-se aos jovens, para que estes denunciem este e outros crimes, para “conseguir uma mudança total da sociedade cubana”.

A violência doméstica em Portugal na actualidade














Violência doméstica já matou 33 mulheres este ano em Portugal


Em Portugal, os números relativos ao crime de violência doméstica mantêm-se constantes. Só este ano, 29 mulheres foram assassinadas por ex-companheiros, namorados ou maridos e outras 4 por familiares. A sociedade continua a mostrar-se bastante retraída perante este problema social.


Os números não conseguem disfarçar uma certa frieza. Com efeito, desde o início do ano já morreram 33 mulheres vítimas de violência doméstica, 29 das quais assassinadas por maridos, namorados ou ex-companheiros, enquanto quatro mulheres foram vítimas de familiares. Na grande maioria dos casos, estes crimes foram perpetrados ao murro, pontapé, à vassourada, com machado, faca, pistola, caçadeira ou por outro qualquer acto bárbaro.
O senso comum aponta para uma ideia chave, a de que os agressores são, na sua maioria homens. As estatísticas trataram de confirmar essa ideia. Nesse sentido, a delegação do Porto do Instituto de Medicina Legal (IML) realizou um estudo sobre os homicídios praticados no distrito nos últimos 20 anos. Esta investigação concluiu que, no contexto intrafamiliar, 81,6 por cento das mulheres foram mortas por maridos, namorados ou ex-companheiros. Já os homens eram quase todos vítimas de outros homens. Estabelecendo um paralelismo com a década de 90, pode observar-se que cerca de 83 por cento dos homicídios conjugais foram praticados por homens sobre as mulheres. Comparando com a vizinha Espanha, Portugal encontra-se numa situação muito desfavorável. No ano passado, o número de mulheres vítimas deste crime, em solo nacional, foi quatro vezes superior aos números registados em Espanha.
As causas para a ocorrência deste crime giram em torno do abandono do lar, ciúmes, desrespeito ou os maus tratos continuados. Para Elza Pais, presidente da Comissão Nacional para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres (CIDM), a violência doméstica é, essencialmente, “uma questão de desigualdade de género, de desrespeito, de não partilha.”
A acção das respectivas autoridades, a PSP ou a GNR, tem sido bastante importante para evitar que estes casos assumam proporções ainda mais graves, no entanto, considera Elza Pais, “devem-se reforçar os mecanismos de apoio”. Importa ainda realçar que, como diz a presidente da CIDUM, “nas zonas urbanas, as mulheres têm outra sociabilidade, por isso reagem mais cedo. Nas rurais, os homicídios conjugais ocorrem em mulheres com mais idade”. Além disso, ainda há casos de mulheres que não tem coragem para denunciar estes casos. Os serviços de informação, divulgação e acompanhamento trabalham no sentido de ajudar as eventuais vítimas a superar o problema. O problema é que estas associações estão sedeadas, em grande parte, no litoral urbano.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Ruas do Porto albergam, ainda, várias toneladas de lixo


Segundo informações da Agência Lusa, apesar do comunicado feito pelo vice- presidente da CMP, Álvaro Castello- Branco, criticando o procedimento dos sindicatos – STAL e SINTAP- por terem dado cobertura a acções que, na noite de terça-feira, impediram a saída das viaturas destinadas à recolha de resíduos urbanos, tal como ficara acordado aquando da definição dos serviços mínimos, a verdade é que a cidade continua a conviver com contentores de lixo a rebentar pelas costuras e verdadeiras montanhas de lixo urbano. Isto porque, embora os sindicatos tenham garantido que a partir do segundo dia de greve seriam assegurados serviços mínimos para recolher lixo em sacos plásticos espalhados pelos passeios, hospitais, feiras e mercados, segundo fonte sindical, por discordarem da "listagem das áreas" definidas para a concretização dos serviços mínimos, os trabalhadores decidiram impedir a saída dos camiões e dos cantoneiros destacados para o efeito.
Assim sendo, o resultado desta acção pode ser apreciado, entre outros locais, em plena Baixa Portuense, bem como, junto ao Palácio de Cristal. Mais sorte, tiveram as zonas cuja recolha de lixo é assegurada por uma empresa privada. Segundo fonte do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), o Porto só deverá ficar limpo dentro de "três a quatro dias", uma vez que, segundo José Pinto, do STAL, "os trabalhadores não conseguirão esta noite dar vazão a tanto lixo", acrescentando que, "os 53 camiões que habitualmente saem à rua não conseguem absorver tantas toneladas de lixo".
Esta contenda entre os cantoneiros municipais e a CMP deve-se à suspensão do pagamento do prémio nocturno que, como já foi referido, constitui cerca de 20% do salário destes trabalhadores.